O HOMEM QUE VENDIA PEDRINHAS
Ãbidos. Festival do Chocolate. Entre doçarias e expositores, entre a animação e a tentação, um homem-actor apregoava: "Ouça a história e leve as personagens para casa". Parei para o ver. Três famÃlias com crianças também o fizeram. O homem começou então a contar a história, própria para crianças, fazendo desfilar, nela, várias personagens representadas por pedrinhas. Cada vez que uma saÃa "de cena" entrava num saco próprio. A história ia decorrendo e o saco enchendo. Ouviu-se o habitual "vitória, vitória, acabou-se a história". A história sim acabara, mas o "negócio" não. O homem propôs então a compra do saquinho com as pedrinhas por três euros. "Assim a criança pode recriar a história em casa". Argumento de ouro. Todos compraram. Taxa de sucesso de 100%. Questionei-me se ele teria tido tanta eficácia na venda se tivesse feito ao contrário, ou seja, pedir primeiro os três euros para fazer a sua actuação. Muito dificilmente o teria conseguido. A originalidade foi ter posto o storytelling ao serviço do seu produto: o teatro.Contar histórias é possivelmente uma das mais antigas áreas da comunicação humana. Podemos imaginar os primeiros homens na sua linguagem primária a revelar factos de uma caçada. Ou dos heróis medievais contando os seus feitos em batalhas. Ou tão simplesmente, a mãe que conta a história para o filho adormecer. Somos desde sempre contadores de histórias. Mas se existem contadores é porque há ouvintes para elas. Também sempre o fomos assim. Também sempre ouvimos histórias da boca de terceiros. Ora se o objetivo de uma marca é comunicar, porque não recorrer a esta poderosa ferramenta e estratégia?O storytelling tem vindo a ser recuperado nos últimos anos. Primeiro pelo coaching e por especialistas em PNL (Programação NeurolinguÃstica), mas rapidamente chegou ao mundo publicitário com maior força.A diferença entre a história contada no café e aquela que veremos num anúncio de televisão, por exemplo, está no conjunto de regras que se devem seguir.Desde a criação de personagens, que devem reflectir o público-alvo da marca, passando pela criação de guiões e argumentos com a mesma metodologia dos do cinema, até à identificação com o produto, tudo é devidamente planeado para obter a atenção, despertar o interesse e motivar a compra.Se nos vier perguntar o que fazemos na Lionsout, poderemos bem dizer, em jeito de metáfora que, também, contamos histórias para vender pedrinhas!