Acautelando as diferenças óbvias (uma relação com uma marca, por vezes, pode ser mais positiva e deixar menos marcas), podemos encontrar paralelismos entre a relação das marcas com os consumidores e as relações pessoais. Uma aventura, ou uma relação duradoura, dependerá da vontade das partes, mas sobretudo das ações envolvidas. Temas como a conquista, a comunicação, a experiência e até a fidelidade são frequentemente abordados nos dois domÃnios e que não são tão espontâneos como muitas vezes se crê. Por isso merecem uma abordagem do ponto de vista da estratégia, mesmo que, no caso do amor, seja com maior grau de inconsciência.
Amor à primeira vista, à segunda ou à milésima primeira
No amor - Poderá ser por acaso, por apresentação de um amigo, por nos termos visto numa festa ou no trabalho. Dizemos o nosso nome e tentamos apresentar o nosso perfil mais atraente. Queremos que a outra pessoa fique de olhos esbugalhados, que salive em cascata e fale tudo aquilo que não pensa.
Nas marcas - Apresentamo-la no ponto de venda, alguém a indica, mostramo-la num outdoor. Apresentamos o seu naming, o seu fantástico logotipo e o seu pacote (perdão, embalagem). Queremos reações como no amor, mas o cliente defende-se "Deve ser caro e eu até nem preciso disto."Perguntar se já tem compromisso
No amor - Queremos saber tudo sobre a outra pessoa (não nos basta saber apenas se não é casada). Precisamos de saber como se chama o cão, qual o perfume que usa, onde vai tomar café. Muitas vezes utilizamos amigos comuns como aliados na pesquisa.
Nas marcas - Os estudos de mercado, o benchmarking, as tendências, são fundamentais para a elaboração de produtos e campanhas de sucesso. à fulcral conhecer o consumidor e os seus hábitos.Não compre rosas, ofereça uma roseira
No amor - "Talvez deva oferecer-lhe flores, escrever um poema ou dedicar-lhe uma música na rádio local. Vou levar o meu cão a passear e passo pela esplanada onde toma café?" são algumas das problematizações sentidas na conquista.Nas marcas - Motivar, inspirar e promover a experiência do consumidor são as premissas na elaboração da estratégia e na construção de um plano de ações que alavanque a marca e o negócio. Uma visão que credibilize a promessa.
Levar o pequeno-almoço à cama
No amor - E é então que tudo acontece? O primeiro jantar, a noite inesquecÃvel, as promessas de amor, as gemadas e as contas de telefone absurdas?
Nas marcas - Desenvolvem-se experiências marcantes para o consumidor reter e percecionar valor. Pelo design criam-se ligações emocionais que envolvam e fidelizem o público. Na comunicação apresenta-se uma promessa e tom que promova eficiência na obtenção de resultados. Há o alinhamento da promessa interna com a externa.Não se porte mal, mesmo que faça com muito estilo
No amor - As relações monogâmicas são as que estão instituÃdas na nossa cultura. Embora também culturalmente sabemos que a fidelidade nem sempre é uma realidade. Viver um amor na sua plenitude e com altos Ãndices de satisfação acrescenta confiança e menores motivos para ser infiel. Não dê "facadinhas nas costas". São desagradáveis e o nosso sistema de saúde não tem verba para suportar os tratamentos.Nas marcas - A palavra de ordem é transparência. O consumidor hoje está muito bem informado, detém maior poder e a aldeia global permite difusão das mensagens a uma velocidade estonteante. Devem ser adotados processos para garantir o sucesso contÃnuo das marcas.A pergunta é pertinente: Sabendo tudo isto, porque existem tantos publicitários com problemas relacionais? Bem, parece que não usam os seus conhecimentos sobre marcas na sua vida pessoal. Ou poderá ser porque do outro lado não existe um publicitário.Pelo sim e pelo não, da próxima vez que dormir com uma marca não a pedirei em casamento.