A resiliência é uma capacidade que todos possuímos, quer enquanto indivíduos, quer como empresas, e que podemos incrementar através da reflexão estratégica. Ser resiliente é ser capaz de gerir eficazmente os problemas, superar obstáculos e resistir à pressão de situações adversas, transformando processos e circunstâncias negativas em aprendizagens e em oportunidades de mudança e evolução.

 O marketing e o planeamento oferecem-nos ferramentas para sermos mais resilientes neste contexto de crise. Acompanhe as nossas sugestões e reflita sobre as que melhor se adequam à sua área de atividade e modelo de negócio.

Condições únicas como as que as empresas estão a viver obrigam a medidas especiais. A atual situação não é nada favorável ao tecido económico. No entanto, está ao nosso alcance tomar ações concretas que podem contribuir para mitigar o preocupante desfecho das contas deste ano que é já expetável.

Se a saúde pública, a nossa segurança e a dos nossos continua a ser a prioridade, não podemos, ao mesmo tempo, deixar de antecipar os cenários económicos a curto e médio prazo. É urgente e imperativo abraçar o desafio de minimizar os danos desta crise, cuja dimensão ainda desconhecemos.

É tempo de definir uma estratégia de resiliência para as nossas empresas. Quanto mais cedo a colocarmos em prática, melhor estaremos preparados para enfrentar as dificuldades atuais e as de um futuro próximo.

Temos, igualmente, de estar conscientes de que o mundo tal como o conhecíamos, não voltará a ser igual. Esta consciência e análise de tendências que já vinham a desenhar-se e que esta crise veio acelerar permite-nos antecipar a mudança de comportamentos de consumo, que irão certamente persistir, e dela retirar ilações e vantagens. Muitos sectores terão de se adaptar às novas realidades de mercado. É cedo para percebermos o que irá mudar e que novos comportamentos se instalarão, porém é certo que haverá um aumento de consumo online de produtos e serviços alimentares, de vestuário, beleza e saúde ou home office, entre outros. 

   1. Elabore um plano de marketing pensado especificamente para a atual conjuntura

Planear é a chave. A tática é uma ação de resposta imediata, advinda de um pensamento crítico sobre o que observamos. No entanto, é sempre um complemento à estratégia, ou seja, às linhas gerais de orientação devida e previamente refletidas. Pense como um General ou, se preferir, como um treinador de futebol. Primeiro planear, conhecer a sua realidade e contexto, estudar o adversário, para poder agir. Reserve algum tempo para refletir sobre o seu negócio. Analise o comportamento e condicionalismos impostos face ao atual período em que vivemos. Informe-se e esteja atento ao que a concorrência anda a fazer. Acompanhe as tendências do seu sector. Amplie a sua rede de parceiros. Peça a opinião a especialistas, fale com a sua família e amigos e peça-lhes opiniões. Convide a sua equipa a participar no processo.

   2. A inovação como força-motriz

Adeque os serviços ao novo contexto e necessidades específicas. Planeie a sua atuação para o fim da crise. Aproveite este momento para inovar ousadamente em conexão com as oportunidades emergentes. Esteja atento aos sinais que o seu consumidor dará.
 Inove rapidamente direcionando-se para novas necessidades e hábitos de consumo. Seja criativo. Muitas vezes a crise, para além da ameaça, traz a oportunidade. Tente pensar fora da caixa. Seja flexível.
Desenvolva a sua estratégia e aponte as suas linhas de ação, juntamente com um cronograma de implementação.

   3. Atue com responsabilidade social

Procure formas de apoiar a sua comunidade, incluindo funcionários e clientes, afetados pela situação que estamos a viver. Seja com recursos, tecnologia ou formação. Questione-se sobre o que pode fazer. Esta não é uma estratégia tradicional de marketing B2B. Contudo, será uma atitude valorizada pelo seu público.
A título de exemplo, na segunda Guerra Mundial, Simon Marks, Presidente da Marks & Spender, assumiu o compromisso pessoal de apoiar financeiramente a formação dos cadetes da RAF (Força Aérea do Reino Unido). Ninguém se lembra disso hoje em dia, mas durante o auge da M&S, nas décadas de 60 e 70, era um fato conhecido e amplamente admirado. A marca estava com os Aliados em tempo de crise e os países Aliados estavam com a marca depois, por esse motivo.

   4. Seja positivo e demonstre empatia

Faça com que os consumidores se identifiquem com a sua marca. É importante comunicar que a sua marca partilha os valores do seu público, que está preocupado com o que sentem e pensam.
Dê dicas úteis para autossuficiência dos seus clientes, partilhe informações. Preste aconselhamento online e disponibilize um contacto para esse fim.
Incremente a perceção “amigável” da sua marca. Envolva-se com a comunidade, partilhe das suas preocupações e assuma a responsabilidade social da sua empresa, seja por ações concretas, seja pela transmissão de informação rigorosa e útil.

   5. Reforce a presença online da sua marca

Fortaleça o espírito de equipa dos seus colaboradores mesmo em teletrabalho. A sua equipa também é a sua força de vendas e de produção. Se estiver com ela nesta fase, ela também estará consigo, mesmo depois de tudo acalmar. Existem várias ferramentas como é o caso da Microsoft Teams, Claranet, Galileu ou SAP.
Se já estávamos nesse caminho, com a atual situação, o e-commerce e a comunicação online ocupam quase a totalidade do universo do consumo. Otimize os seus canais de comunicação digitais. Invista no seu blog, website e nas redes sociais. Dedique um pouco do seu tempo para garantir que eles estejam atualizados. Crie e otimize a sua estratégia de marketing para uma melhor indexação do seu site no Google, utilizando nomeadamente o Search Engine Optimization e o Google Adwords, de forma a tornar a sua presença na web o mais visível possível. Atualize todas as informações e identifique o que está ou não a funcionar na sua estratégia, ajustando as suas práticas e orçamento.  

   6. Privilegie as redes sociais

As redes sociais são um pilar para todos que ficam em casa durante este período. Mas não se esqueça, forma não é tudo. Dê valor ao conteúdo. Mantenha-se relevante para o seu público. Não se foque tanto as suas necessidades, mas procure ir ao encontro do que vivem as pessoas neste momento. Coloque o seu público em primeiro lugar e preocupe-se com as suas necessidades. Imaginemos, uma instituição financeira, pode produzir conteúdo que aborde formas de poupança neste período ou uma pastelaria pode apresentar receitas para fazer alguns bolos em casa.
Crie videoconferências para que as pessoas possam interagir no conforto da sua casa. Faça um vídeo ao vivo no Facebook, Twitter ou Instagram que envolva o seu público. Reserve um tempo para produzir vídeos regulares que beneficiarão a sua estratégia, mesmo depois desta crise que vivemos.

   7. Ofereça ou venda aulas online

Nesta altura em que é necessário o isolamento social, há uma maior disponibilidade para assistir a aulas online. Para muitas empresas esta é uma oportunidade para promover maior ligação com os seus públicos, incrementando a notoriedade através de prossecução do objetivo de se tornarem líderes de opinião. Ao mostrarem-se disponíveis para oferecer conteúdo incrementarão os índices de confiança que o consumidor tem na marca.
Por outro lado, especialmente as empresas de formação, têm aqui uma oportunidade de transformar muitos dos seus cursos presenciais em e-learning, com algumas vantagens, nomeadamente chegar a outras áreas geográficas e terem turmas maiores. Claro que esta opção só é verosímil se as empresas se prepararem ao nível da adaptação dos conteúdos e disponibilização de plataformas eficientes para a atividade, bem como uma estratégia de comunicação que acompanhe.

   8. Entregue amostras/produtos na casa dos seus clientes

Nesta altura já muitos restaurantes adotaram ou reforçaram o seu serviço take-away. Muitos outros comércios estão já a entregar os seus produtos em casa do consumidor. Reforce os canais online para facilitar a comunicação e o processo. Entregar amostras dos seus produtos ou outras ofertas especiais gratuitamente poderá desencadear processos de compra. Crie parceria com transportadoras. Estipule um protocolo de segurança sanitário para o consumidor sentir-se seguro na receção dos produtos enviados para a sua casa e divulgue essas medidas clientes através dos vários meios digitais.

   9. Lide de forma positiva com as encomendas atrasadas, realizadas antes da crise

Comunique ao cliente que, se não é urgente, receberá o produto/serviço logo que possível e com um desconto.
Ofereça a possibilidade de troca ou de escolha de outro produto que poderá ser enviado para a casa do cliente.
Permita o cancelamento da encomenda e proceda à devolução do dinheiro. Emita vales que possam ser usados no futuro.

   10. Não pare. Aproveite o tempo para evoluir

Utilize o tempo extra para evoluir nas suas competências profissionais. Aproveite para fazer formação, manter-se informado e ter um espírito crítico sobre a sua atividade. Todos temos projetos que colocamos em segundo plano, esperando tempos mais calmos. Bem, chegou a hora de desenterrar esses projetos e dar-lhes toda a atenção. Escreva um livro sobre a sua atividade, atualize a comunicação da sua marca, crie um novo site, grave um vídeo ou podcast, aposte numa nova oferta ou desenvolva uma estratégia de liderança de pensamento. Se não o fizer agora, quando o fará?